Ceratocone

O que é Ceratocone?

Para que a visão seja perfeita, a luz passa através das lentes naturais do olho, a córnea (externa) e o cristalino (interno), sendo focalizada sobre a retina no fundo do olho.

No ceratocone, a córnea (parte anterior do olho), pouco a pouco vai modificando sua forma, provocando miopia e grau alto de astigmatismo e prejudicando a visão.

É uma doença hereditária que acomete o adolescente ou adulto jovem, caracterizada por um afinamento e deformação da córnea, com aumento progressivo da sua curvatura (fica “bicuda”). Normalmente ocorre nos dois olhos, porém com graus de acometimento diferentes

Qual a causa do Ceratocone?

Ceratocone

A causa exata do ceratocone ainda não é conhecida mas sabe-se que o fator genético é importante. Por isso, se alguém da sua família tem a doença você e seus familiares tem maior chance de a terem também. A gravidade do ceratocone e a progressão da doença pode ser maior ou menor entre os membros da família.

Alguns outros fatores possivelmente aceleram a progressão do ceratocone, como por exemplo o hábito de coçar os olhos.

Evolução: Aparece geralmente na adolescência (dos 13 aos 18 anos) ou no adulto jovem, e tende a progredir (pico de evolução entre 15 e 25 anos), podendo estabilizar-se após alguns anos de evolução. O afinamento e a conseqüente deformação da córnea levam ao aparecimento de miopia e astigmatismo, que tendem a aumentar enquanto o ceratocone não se estabiliza. Em geral, quanto mais precoce o aparecimento da doença, pior o prognóstico.

Nas fases iniciais o diagnóstico pode ser feito apenas por um exame específico chamado topografia de córnea. No exame ocular notamos apenas astigmatismo de grau não muito alto e como não há distorção da região central da córnea nessa fase, a deficiência visual pode ser corrigida com uso de óculos ou lentes de contato gelatinosas, que proporcionará excelente visão ao paciente.

Na fase seguinte, a doença tende a se agravar e prejudica a porção central da córnea. O grau de astigmatismo é alto, e já há afinamento e deformidade da córnea. Nessa fase, a correção do problema com óculos deixa de ser satisfatória. O paciente somente conseguirá manter boa a sua visão, se seu grau de astigmatismo passar a ser corrigido com lentes de contato rígidas.

Na terceira fase, a córnea já está muito comprometida: o afinamento, a irregularidade e a deformidade evoluíram muito. A lente de contato não fica no lugar, cai muitas vezes do olho e incomoda muito ao ser colocada. O aumento da curvatura e a mudança na forma da córnea em nenhuma das fases pode ser vista a olho nu.

O ceratocone, em qualquer fase pode estacionar. Não necessariamente a doença progride para a segunda ou terceira fase. Não leva à cegueira, porém em alguns casos provoca extremo desconforto, interferindo na qualidade de vida da pessoa.

O paciente portador de ceratocone em qualquer fase não pode fazer cirurgia a laser pra corrigir a miopia e o astigmatismo.

O que acontece com a visao?

Sintomas: Dependem da fase, porém os mais freqüentes são: diminuição progressiva da visão e/ou visão distorcida principalmente à noite e para longe, mesmo com óculos. Não há dor ou desconforto ocular nesses estágios iniciais da doença.

Pelo caráter progressivo, o ceratocone leva a constantes trocas de óculos e lentes de contato. Nas fases mais adiantadas, a visão de longe diminui bastante e fica ainda pior à noite ; as imagens tornam-se borradas e distorcidas. A correção visual com óculos já não resolve e as lentes de contato duras (rígidas) passam a ser a opção para correção da visão. Na progressão da doença, a tolerância às lentes é baixa e a adaptação às mesmas é difícil e às vezes, impossível. No estágio final do ceratocone, o transplante de córnea passa a ser a única alternativa capaz de restabelecer parcialmente a visão.

Como se diagnostica o Ceratocone?

A suspeita do ceratocone começa quando o paciente apresenta queixa de visão ruim e aumento progressivo do astigmatismo ou visão insatisfatória mesmo com óculos. Nesses casos, muitas vezes o ceratocone já se encontra em um estágio moderado a avançado.

Atualmente, existem aparelhos de tecnologia avançada e capazes de detectar as formas iniciais do ceratocone (quando o paciente ainda não apresenta sintomas). Esses aparelhos medem com muita precisão a curvatura e a espessura da córnea, bem como seu grau de irregularidade.

É muito importante fazer o diagnóstico precoce do ceratocone porque com os novos tratamento que existem (crosslinking da córnea por exemplo) é possível retardar a velocidade de progressão do ceratocone. Por isso o ideal é que todos os familiares dos pacientes portadores de ceratocone façam exame oftalmológico com médico especialista, devido à maior incidencia familiar da doença.

Como é o tratamento do Ceratocone?

O tratamento do ceratocone depende do estágio de evolução da doença:

  • Estágio inicial: Óculos e Lentes de Contato Gelatinosa + Crosslinking da córnea
  • Estágio inicial a moderado: Lentes de Contato Rígida + Crosslinking da córnea
  • Estágio moderado: Implante de Anel (indicado somente em alguns casos) + Crosslinking da córnea
  • Estágio avançado: Transplante de Córnea

O que pode ser feito para evitar o Transplante de Córnea?

Ceratocone

Assim que diagnosticado o ceratocone, é essencial que o paciente faça um acompanhamento de perto com seu médico. Qualquer alteração ocular associada deve ser tratada (por exemplo alergias, inflamações) principalmente nos estágios iniciais da doença para evitar qualquer ferimento na córnea que possa desencadear a progressão do ceratocone. O uso de colírios lubrificantes e anti-alérgicos ajudam a prevenir a coceira.

Lentes de contato: O uso de lentes de contato em pacientes com ceratocone é considerado quando os óculos não possibilitam boa visão. Há vários tipos de lentes de contato que podem ser utilizados e dependendo do estágio de evolução da doença avalia-se qual o modelo mais apropriado.

Crosslinking de córnea: Uma vez detectada a progressão do ceratocone, mesmo após o controle de todos os fatores externos e locais do olho, é indicado o fortalecimento da córnea com o crosslinking. A técnica consiste na aplicação de um colírio a base de riboflavina, que é ativado por uma luz especial de ultravioleta, e provoca uma alteração das fibras de colágeno da córnea, o que resulta no aumento da resistência natural da córnea (endurecimento da mesma). Dessa forma, as chances de progressão do ceratocone são minimizadas, podendo retardar ou evitar um futuro transplante de córnea, já que há um fortalecimento dessa estrutura e aumento da sua resistência, reduzindo a chance de progressão do abaulamento corneano, responsável pelo alto astigmatismo e pela perda progressiva da visão.

Transplante de córnea: é indicado quando a transparência ou a curvatura da córnea estão muito alteradas, não permitindo uma boa visão, mesmo utilizando outros recursos disponíveis. Ele consiste na substituição da córnea alterada por uma córnea doadora. É um procedimento consagrado para o tratamento das formas severas de ceratocone. Por se tratar de um procedimento que necessita de um doador e que envolve complicações, tais como rejeição, o transplante de córnea é considerado hoje a última alternativa para tratamento do ceratocone. O período crítico para rejeição é o primeiro ano, porém, o paciente pode ter rejeição anos após a realização do transplante.

O que há de mais novo no Tratamento do Ceratocone

A grande novidade para evitar a progressão do ceratocone é o Crosslinking da córnea. Outros tratamentos podem ser associados ao Crosslinking para a reduçao da miopia e astigmatismo, por exemplo o implante de anel estromal e implante de lentes intra-oculares.

O que é Implante de Anel Intra-corneano?

Consiste no implante de um anel de PMMA (um tipo de acrílico), no interior da córnea. É um procedimento realizado no centro cirúrgico com anestesia local. O implante faz com que a superfície anterior da córnea fique mais regular, diminuindo a assimetria do astigmatismo corneano (reduz o abaulamento). O resultado é a melhora do padrão topográfico e consequentemente da acuidade visual. Por se tratar de um procedimento menos invasivo, o implante do anel intracorneano tem menos complicações que os transplantes, com algumas vantagens por exemplo, como a de poder ser removido. Não apresenta rejeição e é uma cirurgia rápida e indolor, permitindo assim uma recuperação rápida e a volta do paciente ás atividades normais em pouco tempo.